O centro cultural virtual Senhor Corvo – Artes do Imaginário anuncia a primeira leitura dramática, no Brasil, da obra O Correio, a mais aclamada peça teatral do poeta indiano Rabindranath Tagore, prêmio Nobel de Literatura de 1913. No dia 22 de maio, em um endereço exclusivo no Youtube, o texto de Tagore será lido por um grupo de atores profissionais, sob a direção de Cláudio Chinaski.

Originalmente escrita em bengali, no ano de 1912, sob o título Dak Ghar, a peça conta a história de Amal, uma criança gravemente doente e condenada ao confinamento em casa. Amal só se relaciona diretamente com o médico e a família. Todos os demais contatos, com desconhecidos que ele transforma em amigos, ocorrem através de uma janela na qual a criança vê a vastidão do mundo e se comove com as coisas simples do cotidiano. A instalação de uma agência postal diante de sua casa faz Amal começar a fantasiar sobre a possibilidade de receber uma carta do Rei.

O texto fala sobre a proximidade da morte, resiliência perante uma doença e a forma como reagimos a situações-limite – temas muito atuais. Por seu profundo caráter simbólico, O Correio atravessou um século inspirando esperança e bravura capazes de iluminar as horas de sombra. Foram as características de conforto espiritual e forte emoção transmitidas pela escrita de Tagore que inspiraram o pediatra e educador judeu polonês Janusz Korczak a encenar O correio com as crianças de sua escola, no gueto de Varsóvia, no dia 18 de julho de 1942. Korczak queria preparar os órfãos para enfrentarem, com coragem e alguma serenidade, a morte iminente que os esperava nos campos de concentração nazistas. Dezoito dias depois de encenar a peça, ele e os órfãos foram conduzidos de trem ao campo de Treblinka, onde foram mortos na câmara de gás.

Integram o elenco da leitura dramática os atores Nielson Menão Menon (Thakurda/Faquir), Eduardo Suindara (Médico/Médico do Rei), Emmanuel Queiroz (Chefe da aldeia), Lucianna Mauren (Sudha), Rodrigo Lelis (Arauto/ Vigia/ Primeiro Garoto), Marcelo Lucchesi (Vendedor de Coalhadas/ Segundo Garoto), Tullio Guimarães (Madhav) e o menino Luiz Nogueira Goulart, que aos 8 anos estreia interpretando o personagem principal, Amal.

A leitura dramática, com atores profissionais de larga experiência cênica, busca destacar os aspectos simbólicos do texto e permitir ao espectador alcançar a beleza de uma obra que emociona o público há mais de uma centena de anos.

Dessa forma, o diretor Cláudio Chinaski optou por uma apresentação sóbria, sem elementos que pudessem distrair o público ou se sobressair sobre o texto. “É uma leitura dramática e não uma encenação. Creio que essa opção preserva melhor as qualidades do texto, pois qualquer tentativa de se reproduzir a magia do palco em suportes digitais estaria fadada ao fracasso”, explica o diretor.

Leitura Dramática integra eventos de lançamento da nova tradução de O Correio

A leitura dramática de O Correio integra o conjunto de ações em torno da nova tradução do texto em português, lançado pelo Centro Cultural Senhor Corvo – Artes do Imaginário, instituição online voltada para a difusão cultural cujo nome é uma homenagem ao escritor Edgar Allan Poe.

A peça foi traduzidapela jornalista e escritora Sonia Zaghetto. Tem por base o texto em inglês de Devabrata Mukherjee, datado de 1912.

 O Correio foi escrito pouco depois que Tagore enfrentou a morte do filho de onze anos, Shamindranath. “Amor, coragem e serenidade nos instantes de desolação constituem a essência da literatura de Rabindranath Tagore. Traduzem a experiência pessoal do poeta frente à morte dos seus familiares mais amados e a firmeza moral que era a marca pessoal do poeta”, explica a tradutora.

O livro, que recebeu projeto gráfico e capa do renomado designer Victor Burton, foi lançado em uma live transmitida no dia 7 de maio, dia do nascimento de Rabindranath Tagore.

Serviço:

Leitura dramática de O Correio.

Dia 22 de maio de 2021, às 19h (horário de Brasília). Evento pago. Ingressos: R$ 25,00. Reservas pelo e-mail [email protected]

Informações/entrevistas: [email protected]

Website das Editoras:

Senhor Corvo Artes do Imaginário: www.senhorcorvo.com.br

Tagore Editora: https://www.tagoreeditora.com.br

Rabindranath Tagore

Primeiro autor asiático a conquistar o prêmio Nobel de Literatura e figura mais importante da poesia bengali, Rabindranath Tagore nasceu em Calcutá, Índia, no dia 7 de maio de 1861. Poeta, romancista, músico, pintor tardio, filósofo, dramaturgo, interessado em ciência, política e educação, revolucionou a literatura e a música de Bengala Ocidental entre o final do século XIX e o início do século XX, no momento artístico que ficou conhecido como o Renascimento bengali. Suas múltiplas habilidades artísticas e o domínio de várias áreas do conhecimento renderam-lhe o adjetivo “polímata”.

Entre seus livros publicados no Brasil estão a sua obra-prima, Gitânjali, (que lhe rendeu o Nobel de Literatura de 1913), O jardineiro, A lua crescente, Colheita de frutos, A Fugitiva, Pássaros perdidos e Chaturanga.

Rabindranath Tagore pertenceu a uma das mais tradicionais famílias hinduístas de Calcutá. Ele e sua família defenderam uma série de reformas religiosas. Pacifista, defensor da educação integral do ser humano e homem à frente de seu tempo, o poeta se pôs ao lado dos humildes em diversas ocasiões, fundou uma universidade inclusiva e escreveu sobre a situação que vitimava as mulheres indianas no começo do século XX.

Tagore faleceu em 7 de agosto de 1941, aos oitenta anos.

Peça é encenada há cem anos na Índia e na Europa

A mais famosa e amada obra dramática de Tagore, há mais de cem anos encenada em diversos países, é uma espécie de meditação literário-filosófica sobre a morte, na qual a palavra morte jamais aparece. A elaborada tessitura do texto fala de coragem, compaixão e liberdade, e sobre a forma como nos conectamos uns aos outros. É uma ponte entre a casa e o mundo, uma homenagem serena ao completo ciclo da existência. 

Louvada por Gandhi e pelo poeta irlandês William Butler Yeats, a peça é de uma singeleza enganosa. Os três breves atos são moldura a uma poderosa alegoria espiritual, atemporal e de apelo universal.

Traduzida para o inglês como The Post Office, a peça foi apresentada pela primeira vez na Europa em 1913, pela Abbey Theatre Company, de Dublin, Irlanda. Antes disso, foi encenada na própria residência de Tagore, em Jorasanko, Calcutá.

Currículos dos atores e do diretor

Cláudio Chinaski é diretor de teatro e tv, dramaturgo e gestor cultural com mais de 30 anos em atividades artísticas e pedagógicas. Fundador e diretor do Teatro Mosaico, que funcionou em Brasília de 2007 a 2012 e coordenador de programação do Teatro Plínio Marcos da Funarte em 2013.

Em parceria com a escritora Sonia Zaghetto fundou o centro cultural Senhor Corvo Artes do Imaginário e lançou o livro de contos A Página em Branco dos teus Olhos. Busca em sua escrita um ritmo e uma linguagem que fale diretamente aos leitores destes tempos tão velozes.

Luiz Nogueira Goulart tem oito anos de idade e está cursando a terceira série. Adora ler e seu livro preferido é o clássico O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry. No momento está lendo A porta do tempo, de Ulysses Moore. Diverte-se muito também com as personagens do Maurício de Sousa. Com a mãe, atriz, já assistiu a várias peças de teatro e fez aulas de interpretação.

Nielson Menão Menon é ator, dramaturgo e diretor formado na Escola de teatro Emílio Fontana, de São Paulo e no Curso de Artes Cênicas da Universidade Federal do Amazonas. Como ator, participou de diversos filmes, novelas e comerciais para TV e da montagem de textos de Albert Camus (Calígula), Dias Gomes (O Santo Inquérito) e Nelson Rodrigues (Viúva, porém honesta).

Do currículo de Nielson como ator constam, ainda, o longa-metragem Segurança nacional, de Roberto Carminati; e montagens de Hair, Medeia e Em pleno mar (Mrozek). Como diretor, Menão encenou textos de Jean Cocteau (A máquina infernal), Bertold Brecht (O Espião), Gianfrancesco Guarnieri (Eles não usam Black-Tie), Aldízio Filgueiras (O funeral do grande morto) e Ariano Suassuna (Torturas do coração). Por sua atuação em “Pássaro da noite”, de José Antonio de Souza, recebeu o prêmio de Melhor Ator no IX Festival de Monólogo e VI Concurso Nacional, em Teresina, no ano 2000.

Tullio Guimarães é bacharel em Artes Cênicas com habilitação em Interpretação Teatral e pós-graduado em Linguagem Teatral pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes da Fundação Brasileira de Teatro, instituição na qual é professor desde 1994.

Como ator, já trabalhou com destacados diretores, entre eles Guilherme Reis, B. de Paiva e Jean-Jacques Moutin. Como diretor, já montou textos de Sófocles, Cervantes, Frank Wedekind e Nelson Rodrigues, entre outros. Representou o Brasil em vários festivais na América Latina e ministrou oficinas na Universidade Católica de Santiago do Chile, Universidade Autônoma do México e Universidade de Bogotá, na Colômbia.

Lucianna Mauren é atriz, diretora e dramaturga, tendo criado e participado de dezenas de espetáculos locais e nacionais. Bacharel em Artes Cênicas e Mestre em Artes pela Universidade de Brasília, é pesquisadora cênica e trabalhou como professora no departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília durante os anos de 2017 e 2018. Há três anos atua no mercado de audiolivros como narradora e diretora de narração.

Marcelo Lucchesi é graduado em Interpretação Teatral e Licenciatura em Educação Artística, pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Como ator, integrou o elenco dos espetáculos Muito disse me disse, A Última Estação, Quando os elefantes saem para Passear e Somos homens e não ratos.

Eduardo Suindara é formado em Artes Cênicas pela Fundação Brasileira de Teatro e pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, com diversos cursos e oficinas. No teatro, trabalhou em montagens teatrais e óperas do Ballet Teatro Fernando Azevedo, entre elas Romeu e Julieta e Carmen; e sob a direção de Humberto Pedrancini, B de Paiva, Hugo Rodas, Túlio Guimarães, Graça Veloso, Mauricio Witczak, Xico Costa e Denise Zenicola, entre outros.

Rodrigo Lelis é um dos fundadores do Teatro de Açúcar. Licenciado e bacharel em Artes Cênicas com habilitação em Interpretação Teatral, acumula mais de dez anos de experiência profissional como ator e coordenador técnico. Trabalhou com importantes nomes do teatro brasiliense e em 2013 compôs o elenco do espetáculo Nada, dos Irmãos Guimarães, eleito Melhor Elenco Carioca do Ano (Revista Questão de Crítica).

Desde 2008 trabalha na direção artística e técnica dos espetáculos do Teatro de Açúcar, responsável por iluminação, cenografias, adaptações e coordenações técnicas. Do seu currículo constam, entre outros, os espetáculos A Vida Impressa em Xerox (2012), vencedor de 4 Prêmios SESC, incluindo Melhor Cenografia e Melhor Espetáculo; Adaptação (2013) selecionado para o Circuito de La RED (Espanha, 2015) e a Circulação Nacional Palco Giratório 2016, apresentado em mais de 45 cidades brasileiras; Naufragé(s) (2016), em coprodução com o Centro Dramático Francês La Comédie de Saint-Étienne, encenado no Brasil e na França. Fez, ainda, trabalhos de direção e coordenação técnica para diversas companhias e eventos nacionais e internacionais, entre eles o Festival Internacional de Brasília Cena Contemporânea, Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Ossos do Ofício, Guinada Produções, Jacaúna Produções, Circo Íntimo e Trupe do Cerrado.

Emmanuel Queiroz tem uma década de experiência em produção e operação de elementos do espetáculo. Iniciou a carreira  em 2002 como ator em cursos livres da Fundação Brasileira de Teatro, em 2003 entrou no Grupo Giz-No Teatro, onde, além de ator e assistente de direção, tornou-se  responsável técnico sob o nome de Troya Djs .

Desde 2006 integra a equipe técnica da Mostra Dulcina e em 2007 juntou-se ao Coletivo Irmãos Guimarães e na equipe do Festival Cena Contemporânea como técnico de iluminação e audiovisual. Em 2011, assumiu o papel de coordenador técnico e iluminador da Ocupação Funarte 2011, sendo responsável pelas salas Plínio Marcos, Cassia Eller e shows externos. Neste projeto trabalhou em mais de 30  espetáculos teatrais, a Mostra de Dança Paralelo 16 e no Espaço Cultural Mosaico, no qual foi gerente técnico e assistente de produção. Queiroz é hoje referência no mercado, concebendo iluminações para algumas das mais destacadas produções em Brasília.

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