A Senhor Corvo – Artes do Imaginário lança, em 2021, uma nova tradução de O Correio, peça teatral do poeta indiano Rabindranath Tagore, prêmio Nobel de Literatura de 1913. A emocionante história de uma criança doente e confinada em casa tem profundo caráter simbólico e atravessou um século inspirando esperança e bravura capazes de iluminar as horas de sombra. Foi encenada por um educador judeu polonês, em um orfanato, no gueto de Varsóvia, pouco antes das crianças judias serem enviadas para um campo de concentração.
Originalmente escrita em bengali, no ano de 1912, sob o título Dak Ghar, O Correio conta a história de Amal, uma criança gravemente doente e condenada ao confinamento em casa. Amal só se relaciona diretamente com o médico e a família. Todos os demais contatos, com desconhecidos que ele transforma em amigos, ocorrem através de uma janela na qual a criança vê a vastidão do mundo e se comove com as coisas corriqueiras. A instalação de uma agência postal diante de sua casa faz Amal começar a fantasiar sobre a possibilidade de receber uma carta do Rei.

A mais famosa e amada obra dramática de Tagore, há mais de cem anos encenada em diversos países, é uma espécie de meditação literário-filosófica sobre a morte, na qual a palavra morte jamais aparece. A elaborada tessitura do texto fala de coragem, compaixão e liberdade, e sobre a forma como nos conectamos uns aos outros. É uma ponte entre a casa e o mundo, uma homenagem serena ao completo ciclo da existência.
Louvada por Gandhi e pelo poeta irlandês William Butler Yeats, a peça é de uma singeleza enganosa. Os três breves atos são moldura a uma poderosa alegoria espiritual, atemporal e de apelo universal.
Foram as características de conforto espiritual e forte emoção transmitidas pelo texto que inspiraram o pediatra e educador judeu polonês Janusz Korczak a encenar O correio com as crianças de sua escola no gueto de Varsóvia no dia 18 de julho de 1942. Korczak queria preparar os órfãos para enfrentarem, com coragem e alguma serenidade, a morte iminente que os esperava nos campos de concentração nazistas. Dezoito dias depois de encenar a peça, ele e os órfãos foram conduzidos de trem ao campo de Treblinka, onde foram mortos na câmara de gás.
Traduzida para o inglês como The Post Office, a peça foi apresentada pela primeira vez na Europa em 1913, pela Abbey Theatre Company, de Dublin.
A tradução para o português, da jornalista e escritora Sonia Zaghetto, é baseada no texto em inglês de Devabrata Mukherjee, datado de 1912. O livro, que recebeu projeto gráfico e capa do renomado designer Victor Burton, foi lançado virtualmente no dia 7 de maio, dia do nascimento de Rabindranath Tagore.
O Correio foi escrito pouco depois que Tagore enfrentou a morte do filho de onze anos, Shamindranath. “Amor, coragem e serenidade nos instantes de desolação constituem a essência da literatura de Rabindranath Tagore. Traduzem a experiência pessoal do poeta frente à morte dos seus familiares mais amados e a firmeza moral que era a marca pessoal do poeta”, explica a tradutora.
O Centro Cultural Senhor Corvo – Artes do Imaginário, instituição online voltada para a difusão cultural cujo nome é uma homenagem ao escritor Edgar Allan Poe, programou uma leitura dramática da peça teatral, com atores profissionais, no dia 22 de maio de 2021. Dirigida por Cláudio Chinaski, traz no elenco Nielson Menão Menon, Eduardo Suindara, Emmanuel Queiroz, Lucianna Mauren, Rodrigo Lelis, Marcelo Lucchesi, Tullio Guimarães e o menino Luiz Nogueira Goulart, que aos 8 anos estreia interpretando o personagem principal, Amal.
Para a venda e distribuição conjunta do livro, o Centro Cultural Senhor Corvo Artes do Imaginário firmou parceria com a Editora Tagore, de Brasília. O Correio está disponível para venda on-line no centro cultural ([email protected]) e na página da editora Tagore (https://www.tagoreeditora.com.br/).
Serviço:
Leitura dramática de O Correio. Dia 22 de maio de 2021, às 19h (horário de Brasília). Evento pago. Ingressos: R$ 25,00. Reservas pelo e-mail [email protected]
Mais informações/entrevistas: [email protected]
Website das Editoras:
Senhor Corvo Artes do Imaginário: www.senhorcorvo.com.br
Tagore Editora: https://www.tagoreeditora.com.br
Rabindranath Tagore
Primeiro autor asiático a conquistar o prêmio Nobel de Literatura e figura mais importante da poesia bengali, Rabindranath Tagore nasceu em Calcutá, Índia, no dia 7 de maio de 1861. Poeta, romancista, músico, pintor tardio, filósofo, dramaturgo, interessado em ciência, política e educação, revolucionou a literatura e a música de Bengala Ocidental entre o final do século XIX e o início do século XX, no momento artístico que ficou conhecido como o Renascimento bengali. Suas múltiplas habilidades artísticas e o domínio de várias áreas do conhecimento renderam-lhe o adjetivo “polímata”.
Entre seus livros publicados no Brasil estão a sua obra-prima, Gitânjali, (que lhe rendeu o Nobel de Literatura de 1913), O jardineiro, A lua crescente, Colheita de frutos, A Fugitiva, Pássaros perdidos e Chaturanga.
Rabindranath Tagore pertenceu a uma das mais tradicionais famílias hinduístas de Calcutá. Ele e sua família defenderam uma série de reformas religiosas. Pacifista, defensor da educação integral do ser humano e homem à frente de seu tempo, o poeta se pôs ao lado dos humildes em diversas ocasiões, fundou uma universidade inclusiva e escreveu sobre a situação que vitimava as mulheres indianas no começo do século XX.
Tagore faleceu em 7 de agosto de 1941, aos oitenta anos.
A Tradutora
Sonia Zaghetto é jornalista, escritora e autora de três livros: “História de Oiapoque”, publicado pelo Senado do Brasil (2019); coautora em Crônicas de A a Z, editado pela Flique/Editora Realejo (2020); e o recém-lançado A Página em Branco dos teus Olhos, pela Senhor Corvo Artes do Imaginário (2020). Em 2021 traduziu O Correio, de Rabindranath Tagore. Em seus textos, Sonia busca retratar a condição humana, em suas grandezas e mesquinharias. Em seu último livro, A Página em Branco dos teus Olhos, há trinta contos escritos em parceria com o dramaturgo Cláudio Chinaski. Nele, Sonia se dedica a examinar o universo feminino, em sua complexidade e contradições.